segunda-feira, 30 de junho de 2014

De onde me chegam estas palavras?


De onde me chegam estas palavras?
Nunca houve palavras para gritar a tua ausência.
Apenas o coração pulsando a solidão antes de ti quando o teu rosto doía no meu rosto e eu descobri as minhas mãos sem as tuas
e os teus olhos não eram mais que o lugar escondido 
onde a primavera refaz o seu vestido de corolas.


E não havia um nome para a tua ausência.
Mas tu vieste.
De coração da noite?
Dos braços da manhã?
Dos bosques do outono?
Tu vieste.

E acordas todas as horas.
Preenches todos os minutos.
Acendes todas as fogueiras.
Escreves todas as palavras.
Em canto de alegria desprende-se dos meus dedos
Quando toco o teu corpo e habito em ti
E a noite não existe
Porque as nossas bocas acendem na madrugada
Uma aurora de beijos.

Oh, meu amor,
Doem-se os braços de te abraçar,
Trago as mãos acesas,
A boca desfeita
E a solidão acorda em mim um grito de silêncio quando
O medo de perder-te é um cordel que pisa os meus cabelos
E se perde depois numa estrada deserta por onde
Caminhas nua
Como se estivesses triste.

Antóneo Gedeão

Nenhum comentário:

Postar um comentário