sábado, 31 de março de 2012

Encontro de almas gêmeas



Sei...que em algum lugar do passado...juntos estivemos.
Que até agora nós temos aguardado, cada qual com sua vida.
E com outras realidades de experiências vividas.
Mas nada acontece por acaso...

Talvez tudo isso,fosse para que, quando de novo encontrasse-mos 
estivéssemos entendendo mais da realidade da vida...
e pela nossa capacidade de amar redobrada pela maturidade.
E assim podermos nos unir ainda mais...como duas Almas Gêmeas que somos.
Nos unir e exemplificar no nosso amor.
Que o destino da humanidade é atingir a perfeição...
E que tal só acontece através da vivência do AMOR.
Amor que temos que começar a aprender e cultivar,
amando aqueles que mais próximo estão de nós...
Mesclados em nossas próprias vidas no nosso dia dia...
Entendendo,compreendendo,aprendendo,ensinando e perdoando.
Essa é a vontade divina transformando-se em realidade.
A medida que o ser humano vai ficando apto a compreender a dádiva da vida...
Nós nos amamos sempre...

Só estivermos separados por anos,que representam uns poucos segundos no contexto da Eternidade
Por isso...Em algum lugar do Passado...
Já nos enamoramos e agora, nos reconhecendo aqui estamos...
Intuindo que nosso amor não é desta vida apenas...é imenso e completo.
E a certeza desse amor é tão grande que nos encontraremos mais uma vez...
Voltando a ficar juntos...

O nosso interior diz isso.
Mas também sabemos desde agora que,mais uma vez...em algum lugar do futuro,
Novamente voltaremos a estar juntos e cada vez com mais amor no coração.
Somos afinizados espiritualmente e isso faz com que nosso caminhos
Cruzem-se de maneira inevitável e infinitamente, pois assim o queremos.
Por isso em nome de nós dois...em nome do nosso amor...
Agradeço ao Alto a graça da sua vida, da minha vida...
Agradeço enfim...a graça do nosso eterno AMOR...
Em algum lugar do passado nos amamos lembra?
É simples,observe a intensidade desse amor no presente...
e atente para sua intuição...feche os olhos e viva um pouco do futuro do nosso amor...
Ouça a nossa música...lembre-se de mim...lembre-se de nós...procure ter força...
Chore se precisar, pois,eu também choro de amor por você...
E por não poder tê-lo ao meu lado hoje, agora...
mas com absoluta certeza que isso começa acontecer mais uma vez...
E acontecer outra...E outra...


Olhos do amor



Um dia, na maior felicidade
sai de casa com vontade
de ver tudo diferente,
eu me sentia tão bem.
Além das coisas normais
deveria existir algo mais,
algo que me tocasse de verdade.
Que provocasse uma nova emoção,
que brilha-se sem ter brilho,
que encantasse sem fazer estardalhaço.
Algo que fosse simples, amigo, fraterno,
mas ao mesmo tempo puro,
prefeito e moderno pra minha concepção.
Quando me dei conta, era assim
que eu estava vendo todas as pessoas
e todas as coisas.
Mas como, se tudo ainda era igual?
Será que dentro de mim algo havia mudado,
será que eu estava sonhando acordado.
Ai percebi uma pequena flor
que eu nunca tinha visto antes,
em breves instantes ela me disse:
Que eu via tudo diferente hoje
porque eu estava vendo a vida
pela primeira vez,
com os olhos do amor . . .


Homenino Poeta

Voce consegue


"Deficiente" é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciencia de que é dono do seu destino.

"Louco" é quem não procura ser feliz com o que possui ..

"Cego" é aquele que não vê seu proximo morrer de frio, de fome, de miséria e só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores ...

"Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus míseros tostões no fim do mes. ...

"Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocresia

"Paralitico" é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda

"Diabético" é quem não consegue ser doce.

"Anão" é quem não sabe deixar o amor crescer.

E , finalmente , a pior das deficiências é ser miserável, pois...

"Miseráveis" São todos aqueles que não conseguem falar com DEUS.

" A amizade é um amor que nunca morre."


MARIO QUINTANA —

A inconstância no amor e na amizade



Não pretendo justificar aqui a inconstância em geral, e menos ainda a que vem só da ligeireza; mas não é justo imputar-lhe todas as transformações do amor. 
Há um encanto e uma vivacidade iniciais no amor que passa insensivelmente, como os frutos; não é culpa de ninguém, é culpa exclusiva do tempo. 
No início, a figura é agradável, os sentimentos relacionam-se, procuramos a doçura e o prazer, queremos agradar porque nos agradam, e tentamos demonstrar que sabemos atribuir um valor infinito àquilo que amamos; mas, com o passar do tempo, deixamos de sentir o que pensávamos sentir ainda, o fogo desaparece, o prazer da novidade apaga-se, a beleza, que desempenha um papel tão importante no amor, diminui ou deixa de provocar a mesma impressão; a designação de amor permanece, mas já não se trata das mesmas pessoas nem dos mesmos sentimentos; mantêm-se os compromissos por honra, por hábito e por não termos a certeza da nossa própria mudança.

Que pessoas teriam começado a amar-se, se se vissem como se vêem passados uns anos? 
E que pessoas se poderiam separar se voltassem a ver-se como se viram a primeira vez? 
O orgulho, que é quase sempre senhor dos nossos gostos, e que nunca está saciado, sentir-se-ia infinitamente lisonjeado por um novo prazer; a constância perderia o seu mérito: deixaria de fazer parte de uma ligação tão agradável, os favores actuais teriam o sabor dos primeiros favores e as recordações não fariam a menor diferença; a inconstância seria desconhecida e as pessoas amar-se-iam sempre com o mesmo prazer, porque teriam sempre os mesmos motivos para se amarem. 
As transformações da amizade têm mais ou menos as mesmas causas que as transformações do amor: as suas regras são muito semelhantes. 
Se um tem mais alegria e prazer, a outra deve ser mais serena e mais severa porque nada perdoa; mas o tempo, que muda o humor e os interesses, destrói-os quase do mesmo modo. 
Os homens são demasiado fracos e demasiado mutáveis para suportar muito tempo o peso da amizade. 
A Antiguidade deu-nos os exemplos; mas no tempo em que vivemos, pode afirmar-se que é ainda menos impossível encontrar um amor verdadeiro do que uma verdadeira amizade.

La Rochefoucauld, in 'Reflexões'

Um exercício da paciência


Um fazendeiro, que lutava com muitas dificuldades, possuía alguns cavalos para ajudar nos trabalhos em sua pequena fazenda.
Um dia, seu capataz veio trazer a notícia de que um dos cavalos havia caído num velho poço abandonado.

O poço era muito profundo e seria extremamente difícil tirar o cavalo de lá. O fazendeiro foi rapidamente até o local do acidente, avaliou a situação, certificando-se que o animal não se havia machucado.

Mas, pela dificuldade e alto custo para retirá-lo do fundo do poço, achou que não valia a pena investir na operação de resgate.

Tomou, então, a difícil decisão: determinou ao capataz que sacrificasse o animal jogando terra no poço até enterrá-lo, ali mesmo.

E assim foi feito: os empregados, comandados pelo capataz, começaram a lançar terra para dentro do buraco de forma a cobrir o cavalo.

Mas, à medida que a terra caía em seu dorso, os animal a sacudia e ela ia se acumulando no fundo, possibilitando ao cavalo ir subindo.

Logo os homens perceberam que o cavalo não se deixava enterrar, mas, ao contrário, estava subindo à medida que a terra enchia o poço, até que, finalmente, conseguir sair.
Sabendo do caso, o fazendeiro ficou muito satisfeito e o cavalo viveu ainda muitos anos servindo, fielmente, a seu dono na fazenda.

Se você estiver "lá embaixo", sentindo-se pouco valorizado, quando, certos de seu "desaparecimento", os outros jogarem sobre você a "terra da incompreensão, da falta de oportunidade e de apoio", lembre-se desta história.

Não aceite a terra que jogaram sobre você, sacuda-a e suba sobre ela.
E quanto mais jogarem, mais você vai subindo... subindo... subindo ...


Flor de Lótus


A lenda budista nos relata que quando Siddhartha, que mais tarde se tornaria o Buda, tocou o solo e fez seus primeiros sete passos, sete flores de lótus cresceram. Assim, cada passo do Bodhisattva é um ato de expansão espiritual. Os Budas em meditação são representados sentados sobre flores de lótus, e a expansão da visão espiritual na meditação (dhyana) está simbolizada pelas flores de lótus completamente abertas, cujos centros e pétalas suportam imagens, atributos ou mantras de vários Budas e Boddhisattvas, de acordo com sua posição relativa e relação mútua.
Do mesmo modo, os centros da consciência no corpo humano (chacras) estão representados como flores de lótus, cujas cores correspondem ao seu caráter individual, enquanto o número de suas pétalas corresponde às suas funções.

O significado original deste simbolismo pode ser visto pela semelhança seguinte: Tal como a flor do lótus cresce da escuridão do lodo para a superfície da água, abrindo sua flores somente após ter-se erguido além da superfície, ficando imaculada de ambos, terra e água, que a nutriram - do mesmo modo a mente, nascida no corpo humano, expande suas verdadeiras qualidades (pétalas) após ter-se erguido dos fluidos turvos da paixão e da ignorância, e transforma o poder tenebroso da profundidade no puro néctar radiante da consciência Iluminada (bidhicitta), a incomparável jóia (mani) na flor de lótus (padma). Assim, o arahant (santo) cresce além deste mundo e o ultrapassa. Apesar de suas raízes estarem na profundidade sombria deste mundo, sua cabeça está erguida na totalidade da luz. Ele é a síntese viva do mais profundo e do mais elevado, da escuridão e da luz, do material e do imaterial, das limitações da individualidade e da universalidade ilimitada, do formado e do sem forma, do Samsara e do Nirvana.

Se o impulso para a luz não estivesse adormecido na semente profundamente escondida na escuridão da terra, o lótus não poderia se voltar em direção à luz. Se o impulso para uma maior consciência e conhecimento não estivesse adormecido mesmo no estado da mais profunda ignorância, nem mesmo num estado de completa inconsciência um Iluminado nunca poderia se erguer da escuridão do Samsara.
A semente da Iluminação está sempre presente no mundo, e do mesmo modo como os Budas surgiram nos ciclos passados do mundo, também os Iluminados surgem no presente ciclo e poderão surgir em futuros ciclos, enquanto houver condições adequadas para vida orgânica e consciente.


sexta-feira, 30 de março de 2012

Um amor


Muitas vezes nos perguntamos o que fazemos com esse amor todo que sentimos e nem sempre temos para quem entregar.

Um amor especial, amor único, definitivo...

Um amor que aparenta não ter sido domado, meio que bravio, mas que em outros momentos é sensato, dedicado, atencioso.

Um amor sedento que se permite cativar.

Um amor que nos faz sentir que fugimos do ponto, que mexe com nossas referências, que nos faz pairar no espaço, levitar nosso ser e que no momento seguinte nos puxa de volta para seu aconchego.

Um amor que dá um frio na barriga e relaxa a alma.

Um amor que nos eleva e nos deixa quase anjos a flutuar pelo céu, nos faz perder o ar e o substitui plenamente pela emoção.

Um amor tão intenso que descargas elétricas riscam o quarto escuro, que nos umedece a carne e lava a alma.

Um amor qual diamante, que assim se transforma devido intensidade do calor e da pressão, acaba transmutando o carvão.



Um amor que nos faz ouvir em cada sussurro um pedido, uma rogativa, um desejo, uma súplica.

Um amor que nos faz plenos de si e que nos permite conhecer a humildade de que precisarmos tanto um do outro.

Um amor que nos faz mergulhar profundamente em nosso ser e sejamos arrebatados para outra dimensão.



O que fazemos...

Carlos Eduardo Bronzoni

A flauta mágica


Era uma vez um caçador que contratou um feiticeiro para ajudá-lo a conseguir alguma coisa que pudesse facilitar seu trabalho nas caçadas. Depois de alguns dias, o feiticeiro entregou-lhe uma flauta mágica que, ao ser tocada, enfeitiçava os animais, fazendo-os dançar.

Entusiasmado com o instrumento, o caçador organizou uma caravana com destino à África, convidando dois outros amigos. Logo no primeiro dia de caçada, o grupo se deparou com um feroz tigre. De imediato, o caçador pôs-se a tocar a flauta e, milagrosamente, o tigre começou a dançar. Foi fuzilado à queima roupa.

Horas depois, um sobressalto. A caravana foi atacada por um leopardo que saltava de uma árvore. Ao som da flauta, contudo, o animal transformou-se: de agressivo, ficou manso e dançou. Os caçadores não hesitaram: mataram-no com vários tiros.

E foi assim até o final do dia, quando o grupo encontrou um leão faminto. A flauta soou, mas o leão não dançou, mas atacou um dos amigos do caçador flautista, devorando-o. Logo depois, devorou o segundo. O tocador de flauta, desesperadamente, fazia soar as notas musicais, mas sem resultado algum. O leão não dançava. E enquanto tocava e tocava, o caçador foi devorado. Dois macacos, em cima de uma árvore próxima, a tudo assistiam. Um deles observou com sabedoria:
- Eu sabia que eles iam se dar mal quando encontrassem um surdinho...

Não confie cegamente nos métodos que sempre deram certo, pois um dia podem não dar. Tenha sempre planos de contingência, prepare alternativas para as situações imprevistas, analise as possibilidades de erro. Esteja atento às mudanças e não espere as dificuldades para agir.
Cuidado com o leão surdo.




Ser criança


Ser criança é achar que o mundo é feito de fantasias,
sorrisos e brincadeiras.
Ser criança é comer algodão doce e se lambuzar.
Ser criança é acreditar num mundo cor de rosa,
cheio de pipocas.
Ser criança é olhar e não ver o perigo.
Ser criança é sorrir e fazer sorrir.
Ser criança é chorar sem saber porque.
Ser criança é querer ser feliz.
Ser criança é se esconder para nos preocupar.
Ser criança é errar e não assumir o erro.
Ser criança é pedir com os olhos.
Ser criança é derramar uma lágrima para nos sensibilizar.
Ser criança é isso e muito mais.
É nos ensinar que a vida, apesar de difícil,
pode tornar-se fácil com um simples sorriso.
É nos ensinar que criança só quer carinho e afeto.
É nos ensinar que, para sermos felizes,
basta apenas olharmos para uma criança.

Nunca deixe morrer a criança que existe dentro de você!!




Homem apaixonado



Se você conheceu um homem apaixonado, verdadeiramente apaixonado, você conheceu o que há de melhor nesse mundo.
É fácil e comum, nos dias de hoje, encontrar uma mulher apaixonada. 

As mulheres parecem ter sido feitas para a paixão (ao menos é o que nos dizem desde que nascemos). 
Mas homens, esses foram feitos para as batalhas sangrentas do dia a dia, para as dificuldades financeiras, para a luta pela sobrevivência, para o silêncio de sentimentos (assim pensa a nossa sociedade).
Os homens foram tão massacrados de responsabilidades e estigmas de carregar o mundo nas costas, que nem se deram conta de sua própria necessidade de amor e paixão. Fingem tão bem não ligar, reduzem o amor a conquistas, a disputas, a objetivos práticos a serem alcançados que, assim que atingem tal objetivo, o objeto passa a não exercer o mesmo fascínio.
Tudo bem, é por aí. 

Mas e quando Cupido decide flechar de verdade o coração masculino? 
Como reage esse coração, tão pouco acostumado a sofrer por amor, a manter alguém 24 horas por dia em seu pensamento?
Gente, é lindo! 

É tão lindo quanto ver uma criança dando seus primeiros passos, ou vendo um passarinho dar seu primeiro vôo, ou como namorados dando seu primeiro beijo.
Ele (o homem) é pego de surpresa e reage de forma surpreendente. 

Torna-se vulnerável, emotivo, passa a prestar atenção em letras de músicas, em flores, em poemas, em vitrines, em praças, em crianças. 
Ele passa subitamente a gostar de lojas, de receitas, de moda e perfumaria. 
Fica entendido em cremes e cheiros, em livros, em drinks. Passa a ser expert em assuntos exóticos. 
Acorda e dorme cantarolando. 
Isso tudo porque a amada tem seu mundo e é seu mundo.
O espelho passa a exercer atração. 

Geralmente muda o corte do cabelo, a barba e o bigode (tira, se tem, deixa crescer, se não tem). 
Fica vaidoso, sensível e bobinho. Adorável bobinho. 
Mas… esconde!
Ah, parece ser pecado se apaixonar!
Deve ser uma terrível gafe demonstrar sentimentos.
Aparentemente é condenável ser simplesmente humano.
Sabe aquela coisa do “lado feminino”? 

Balela.
Não existe essa dicotomia. 
Todos temos de tudo dentro de nós. 
O poder, a beleza, o bem, o mal, o masculino e o feminino, o yin e o yang.
Mas esse homem apaixonado passa a ser exigente, a ter carências e vicissitudes. 

E se você souber manter essa chama acesa, souber lidar com esse homem enfeitiçado, será uma mulher abençoada, porque ele é capaz de tudo para ver você feliz.
Ah, esse homem não medirá esforços. 

Não haverá obstáculos capazes de detê-lo na empreitada da sua felicidade. 
Ele acordará com a força de um Hércules, a disposição de um atleta, a perseverança de um monge, e a fragilidade de uma criança.
Acolha-o. 
Sinta-o. 
Mime-o. 
Ame-o.
Deixe-o sentir seu amor fluir.
Alimente-o de afagos, de agrados, de elogios.
Mostre a ele a correspondência de sentimentos, mas não o prenda.
Deixe-o livre para escolher você, escolher estar com você, preferir você a qualquer coisa. 

Mas por vontade dele.
Creio que o erro de muitas mulheres é querer prender seu homem, controlar seus passos, cercá-lo não de afeto, mas de desconfiança.
O homem apaixonado é seu. 

Está apaixonado, encantado, tem um mundo novo e muitas das vezes não sabe lidar com ele.
Também fica inseguro, ciumento, quer agradar, quer inundá-la de carinhos, mas quer manter sua habitual liberdade.
E em nome desse novo amor, desse sentimento que o fragiliza tanto, talvez sufoque essa liberdade que sempre teve e que sempre foi-lhe ensinado assim. 

Mas isso, com o tempo, certamente o deixará limitado e cansado, levando a um desgaste no relacionamento.
Então, o que fazer?
Não há fórmulas. Não há receitas de bolo.
Há sim uma necessidade de entendimento, de espaço, de respeito mútuo.
Há que se lidar com a liberdade assim como se lida com a delicadeza da paixão.
Há que se estabelecer limites. 

O outro é o outro, você é você.
Não se pode amar ao outro se não se ama a si próprio.
O outro não é seu espelho e nem seu ideal e objetivo.
Nada de se anular em função do amor.
Essa é a diferença entre a mulher apaixonada e o homem apaixonado.
Ele não ama menos, não sente menos, não sofre menos por amor.
Apenas ele sempre teve sua individualidade. 

A sociedade o permitiu desde o início dos tempos, enquanto nós, mulheres, aos poucos vamos ganhando terreno na igualdade de direitos, inclusive o direito de se amar, o direito a seu espaço individual na relação a dois.
Sendo assim, ao dar de cara com um homem apaixonado, ao se apaixonar por ele, não abra mão de seu espaço, de sua individualidade, porque só assim poderá entender a postura dele e aproveitarão tudo o que a paixão e o amor correspondidos podem fornecer de forma sadia a ambos.
Curta seu homem, estrague-o de tanto amá-lo, e seja feliz!


Liliam Maial

Crescer é...


Ser cada dia um pouco mais nós mesmos. ...

Dar espontaneamente sem cobrar inconscientemente. ...

Aprender a ser feliz de dentro para fora. ...

Buscar no próximo um meio de nos prolongarmos. ...

Sentir a vida na natureza. ...

Entender a morte como natural da vida. ...

Conseguir a calma na hora do caos. ...

Ter sempre uma arma para lutar e uma razão para ir em frente. ...

Saber a hora exata de parar e buscar um algo novo. ...

Não devanear sobre o passado, mas trabalhar em cima dele para o futuro. ...

Reconhecer nossos erros e valorizar nossas virtudes. ...

Conseguir a liberdade com equilíbrio para não sermos libertinos. ...

Exigir dos outros, apenas o que nós damos a eles. ...

Realizar sempre algo edificante. ...

Ser responsável por nossos atos e por suas conseqüências. ...

Entender que temos o espaço de uma vida inteira para crescer. ...

Nos amarmos para que possamos amar os outros como nós mesmos. ...

Assumir que nunca seremos grandes, mas que o importante 

é estar sempre em crescimento.




Brunno Brum

O elogio do trabalho


Há no trabalho, segundo a natureza da obra e a capacidade do trabalhador, todas as gradações, desde o simples alívio do tédio às satisfações mais profundas. 
Na maior parte dos casos, o trabalho que as pessoas têm de executar não é interessante, mas ainda em tais circunstâncias oferece grandes vantagens. 
Em primeiro lugar, preenche uma boa parte do dia sem haver necessidade de decidir sobre o que se há-de fazer. 
A maioria das pessoas, quando estão em condições de escolher livremente o emprego do seu tempo, têm dificuldade em encontrar o que quer que seja suficientemente agradável para as ocupar. 
E tudo o que decidam deixa-as atormentadas pela ideia de que qualquer outra coisa seria mais agradável.
Ser capaz de utilizar inteligentemente os momentos de lazer é o último degrau da civilização, mas presentemente muito poucas pessoas o atingiram. 
Além disso, a acção de escolher é fatigante. 
Excepto para os indivíduos dotados de extraordinário espírito de iniciativa, é muito cómodo ser-se informado do que se tem a fazer em cada hora do dia, desde que tais ordens não sejam desagradáveis em demasia.
A maior parte dos ricos occiosos sofrem de um inexprimível aborrecimento em paga de se terem libertado dum trabalho penoso. 
Às vezes encontram alívio numa caçada aos animais ferozes, em África, ou na volta ao mundo em avião, mas o número de tais sensações é limitado, especialmente depois de passar a juventude. 
Por isso, os homens ricos mais inteligentes trabalham quase tão afincadamente como se fossem pobres, enquanto as mulheres ricas ocupam o tempo com um sem número de bagatelas e estão firmemente persuadidas de que tais bagatelas têm extraordinária importância para o mundo inteiro.

Bertrand Russell, in 'A Conquista da Felicidade'

quinta-feira, 29 de março de 2012

Nas minha mãos


Nas minhas mãos tenho,

o amor
nas minhas mãos,

dois caminhos
duas decisões,
mesmo quando tudo parece desabar
cabe a mim decidir, 

entre rir ou chorar,
entre ir ou ficar, 

entre desistir ou lutar
se o mar está revolto,
posso ficar na praia
ou sair para pescar
e, talvez,
nunca mais voltar
tenho,

nas minhas mãos,
o bem e o mal
e entre eles
poucos pensamentos
um diz para fazer
sem culpa,
o outro pensa,
reflete
e pede para esperar
enquanto o mundo
se perde em erros,
posso me manter sereno, 

sem medo
porque tenho a chave
da minha vida
nas minhas mãos
então, hoje,
me sinto mais forte,
pois atravessei
os desertos da alma

amei
quem não me amou
e deixei de lado quem muito
me amava
atravessei caminhos
nem sempre floridos,
que deixaram marcas profundas em mim
mas amei
e fui amado 
por isso, 
tenho nas minhas mãos
bem mais que a vida
tenho a dúvida
e a certeza,
a esperança
e o medo,
o desejo e a apatia,
o trabalho
e a preguiça
e me dou
o direito de errar
sem me cobrar
e acertar
sem me gabar
porque descobri
no caminho incerto da vida,
que o mais importante
é o decidir
e decidi,
de uma vez
por todas ser simplesmente feliz
e esse caminho
não tem volta .

Paulo Roberto Gaefke

Carta de Sigmund Freud


Eu sabia que seria apenas depois de te teres ido embora que iria perceber a completa extensão da minha felicidade e, alias o grau da minha perda também. 
Ainda não a consegui ultrapassar, e se não tivesse à minha frente aquela caixinha pequena com a tua doce fotografia, pensaria que tudo não teria passado de um sonho do qual não quereria acordar. 
Contudo os meus amigos dizem que é verdade, e eu próprio consigo-me lembrar de detalhes ainda mais charmosos, ainda mais misteriosamente encantadores do que qualquer fantasia sonhadora poderia criar. 
Tem que ser verdade. 
Martha é minha, a rapariga doce da qual todos falam com admiração, que apesar de toda a minha resistência cativou o meu coração logo no primeiro encontro, a rapariga que eu receava cortejar e que veio para mim com elevada confiança, que fortaleceu a minha confiança em mim próprio e me deu esperanças e energia para trabalhar, na altura que eu mais precisava.
Quando tu voltares, querida rapariga, já terei vencido a timidez e estranheza que até agora me inibiu perante a tua presença. 
Iremos sentar-nos de novo sozinhos naquele pequeno quarto agradável, vais-te sentar naquela poltrona castanha , eu estarei a teus pés no banquinho redondo, e falaremos do tempo em que não existirá diferença entre noite e dia, onde não existirão intrusos nem despedidas, nem preocupações que nos separem.

Carta de Sigmund Freud a Martha Bernays (excerto).

O que devemos sentir


Todas as pessoas devem ter experimentado a sensação desagradável que se tem nas estações de caminho de ferro. Vamos despedir-nos de alguém. 
A pessoa já entrou no comboio, mas ele demora a partir. Ali ficam as duas pessoas, uma na plataforma e a outra à janela, esforçando-se por conversar, mas de repente não têm nada para dizer.
Isto, evidentemente, resulta de não podermos sentir o que queremos. 
A situação impõe-nos um determinado sentimento. 
E quem não experimentou aquele tremendo alívio quando o comboio finalmente parte?

Ou nos funerais. 
Quando alguém morre ou adoece, quando surgem as desilusões, espera-se sempre que sintamos determinadas coisas.
Em todas as situações, excepto as mais quotidianas, as mais neutras, há uma pressão que se exerce sobre nós, que nos dita a forma como devemos conduzir-nos, aquilo que devemos sentir. 
E se examinarmos bem o fenómeno, verificamos, não raras vezes, que esses papéis nos são atribuídos por romances, filmes ou peças de teatro que vimos há muito tempo.
Quando somos realmente confrontados com situações invulgares (por exemplo, rivalidades que prevíamos e não se verificam, e em vez disso se transformam num amor que nos deixa sós), a primeira coisa a que nos agarramos são esses padrões sentimentais livrescos.
Não nos ajudam muito. 
Deixam-nos mais sós do que antes - e caímos, desamparados, na realidade.

Lars Gustafsson, in 'A Morte de um Apicultor'

O difícil e o impossível


Confundimos sempre o difícil e o impossível, fazendo tudo uma mesma coisa. Mas não é.
Difícil é algo que encontra obstáculos, geralmente grandes. Impossível é um beco sem saída, é o inalcançável.
Mas em certas situações da vida não vemos essa diferença. É quando as forças nos abandonam, o passado parece que recai na nossa cabeça e o futuro parece obscuro. 

Nesses instantes de fraqueza tudo toma forma de impossível. E, mesmo se ousamos sonhar, nos dizemos realistas quando afirmamos que esses sonhos são impossíveis.
Deixa eu dizer uma coisa… tanto que os sonhos estão dentro da nossa cabeça, nunca estarão longe demais de nós. Então, já não são impossíveis, apenas precisarão de algum esforço a mais para que se tornem realidade, precisarão de um pouco mais de trabalho, perseverança, atitude positiva, fé e coragem. Precisarão de uma dose diária de ânimo.
É quando julgamos impossível que não fazemos nada, porque já colocamos um ponto final onde nem começo teve.
Existe uma diferença entre difícil e inalcançável. 

Difícil é sempre aquilo que vem com impedimentos e o inalcançável nossas mãos não tocam. Portanto… mesmo o inalcançável a gente acaba tocando com o coração. 
Não é o caso do brilho das estrelas e do luar?
Nossos sonhos só são altos demais se nos curvamos diante deles, se nos fazemos miúdos e deixamos de olhar para a frente.
Impossível mesmo é aquilo que não tem mais volta porque o fôlego se foi. 

Tudo o mais são simples etapas que devem ser vencidas, caminhos que devem ser atravessados.
Experimente dar um primeiro passo… e isso vai fazer toda a diferença!

Letícia Thompson

Ser transparente


Ás vezes, fico me perguntando por que é tão difícil ser transparente... Costumamos acreditar que Ser Transparente é simplesmente ser sincero, não enganar os outros.

Mas “ Ser Transparente” é muito mais do que isso... É ter coragem de se expor, de ser frágil, de chorar , de falar do que a gente sente...

Ser transparente é desnudar a alma, é deixar cair as “máscaras”, baixar as armas, ...
Destruir os imensos e grossos muros que insistimos tanto em nos empenhar para levantar...

Ser transparente é permitir que toda a nossa doçura aflore, desabroche, transborde...
Mas, infelizmente, quase sempre, a maioria de nós decide não correr esse risco...

Preferimos a dureza da razão à leveza que exporia toda a fragilidade humana....

Preferimos o “nó na garganta” às lágrimas que brotam do mais profundo de nosso ser...

Preferimos nos perder numa busca insana por respostas imediatas a simplesmente nos entregar diante de Deus e admitir que não sabemos, que temos medo!

Por mais doloroso que seja ter de construir uma ‘máscara’ que nos distancia cada vez mais de quem realmente somos e até do nosso Deus...

Preferimos assim: manter uma imagem que nos dê a sensação de proteção... `

E assim vamos nos afogando mais e mais em falsas palavras, em falsas atitudes, em falsos sentimentos...

Não porque sejamos pessoas mentirosas!...

Mas porque, como folhas secas, nos perdemos de nós mesmos e já não sabemos onde está nossa brandura, nosso amor mais intenso e não-contaminado...

Com o passar dos anos, um vazio frio e escuro nos faz perceber que já não sabemos dar e nem pedir o que de mais precioso temos a compartilhar com os irmãos... doçura, compaixão... compreensão... ...de que todos nós sofremos e às vezes nos sentimos sós, imensamente tristes e choramos baixinho antes de dormir...

Num silêncio que nos remete à saudade de “ nós mesmos ” ...d aquilo que pulsa e grita dentro de nós, mas que não temos coragem de mostrar àqueles que mais amamos!

Porque, infelizmente, aprendemos que é melhor revidar, descontar, agredir, acusar, criticar e julgar do que simplesmente dizer: “ você está me machucando... Pode parar, por favor!”!!!

Porque aprendemos que dizer isso é ser fraco, é ser bobo, é ser menos do que o outro...

Quando, na verdade, se agíssemos deixando que a nossa razão ouvisse também o nosso coração, poderíamos evitar tanta dor ... Tanta dor!...

Que consigamos não prender o choro, não conter a gargalhada, não esconder tanto o nosso medo, não desejar parecer tão invencíveis...

Que consigamos tentar não controlar tanto, responder tanto, competir tanto... Mas confiar na Graça do Senhor Jesus Cristo , que nos basta...

Não devemos ter medo dos confrontos....

Mas sugiro que deixemos explodir toda a nossa doçura!

A inteligência sem amor nos faz perversos ...

A justiça sem amor nos faz implacáveis.. .

A diplomacia sem amor nos faz hipócritas .

O êxito sem amor nos faz arrogantes.. .

A riqueza sem amor nos faz avaro.. .

A pobreza sem amor nos faz orgulhosos.. .

A beleza sem amor nos faz fúteis ...

. A autoridade sem amor nos faz tiranos ...

“ Ame, simplesmente ame!

E quando, algumas vezes, NÃO encontramos as palavras adequadas para expressar o que sentimos; seja por timidez ou porque os sentimentos nos avassalam; nesses casos podemos contar com o idioma dos abraços ...

A vida sem amor... ... não tem qualquer sentido! “ Ame, simplesmente ame!

O trabalho sem amor nos faz escravos.

A simplicidade sem amor nos deprecia.

A lei sem amor nos oprime.

A política sem amor nos deixa egoístas.

A fé sem amor nos deixa fanáticos.

A cruz sem amor se converte em tortura.

E quando, algumas vezes, NÃO encontramos as palavras adequadas para expressar o que sentimos; seja por timidez ou porque os sentimentos nos avassalam; nesses casos podemos contar com o idioma dos abraços ...

“ Lembrando que “a vida é tão curta e a tarefa de vive-la é tão difícil que quando começamos a aprende-la, já é hora de partir... “ Sigamos na certeza de que.... TUDO PASSA ... Que consigamos docemente viver... Sentir... Amar... Ser Transparentes!... … certo de que esse momento que você vive, seja ele de muita alegria ou de dor… … Vai passar!

E você deverá seguir em frente, sem olhar para trás, rumo à eternidade, sempre transparente , porque tudo passa, mas você é eterno...


A árvore dos problemas



Esta é uma história de um homem que contratou um carpinteiro para ajudar a arrumar algumas coisas na sua fazenda.

O primeiro dia do carpinteiro foi bem difícil. O pneu da seu carro furou e ele deixou de ganhar uma hora de trabalho. A sua serra elétrica quebrou, ele cortou o dedo, e finalmente, no final do dia, o seu carro não funcionou.

O homem que contratou o carpinteiro ofereceu uma carona para casa e, durante o caminho, o carpinteiro não falou nada.

Quando chegaram a sua casa, o carpinteiro convidou o homem para entrar e conhecer a sua família. Quando os dois homens estavam se encaminhando para a porta da frente, o carpinteiro parou junto a uma pequena árvore e gentilmente tocou as pontas dos galhos com as duas mãos. Depois de abrir a porta da sua casa, o carpinteiro transformou-se. Os traços tensos do seu rosto transformaram-se em um grande sorriso, e ele abraçou os seus filhos e beijou a sua esposa.

Um pouco mais tarde, o carpinteiro acompanhou a sua visita até o carro. Assim que eles passaram pela árvore, o homem perguntou por que ele havia tocado na planta antes de entrar em casa.

"Ah", respondeu o carpinteiro, "esta é a minha planta dos problemas.

"Eu sei que não posso evitar ter problemas no meu trabalho, mas estes problemas não devem chegar até os meus filhos e minha esposa. Então, toda noite, eu deixo os meus problemas nesta árvore quando chego em casa, e os pego no dia seguinte."

"E você quer saber de uma coisa? Toda manhã, quando eu volto para buscar os meus problemas, eles não são nem metade do que eu me lembro de ter deixado na noite anterior..."


quarta-feira, 28 de março de 2012

Definição



Quem esquece o amor, e o dissipa, saberá
que sentimento corrompe, ou apenas se o coração
se encontra no vazio da memória?
O vento não percorre a tarde com o seu canto alucinado,
que só os loucos pressentem, para que tu o ignores;
nem a sabedoria melancólica das árvores
te oferece uma sombra para que lhe
fujas com um riso ágil de quem crê na superfície da vida. Esses são alguns limites que a natureza põe a quem resiste à convicção da noite.
O caminho está aberto, porém, para quem se decida a reconhecê-los; e os próprios passos encontram a direção fácil nos sulcos que o poema abriu na erva gasta da linguagem.
Então, entra nesse campo; não receies o horizonte
que a tempestade habita, à tarde, nem o vulto inquieto
cujos braços te chamam.
Apropria-te do calor seco dos vestíbulos.
Bebe o licor das conchas residuais do sexo.
Assim, os teus lábios imprimem nos meus uma marca de sangue, manchando o verso.
Ambos cedemos à promiscuidade do poente,
ignorando as nuvens e os astros.
O amor é esse contacto sem espaço,
o quarto fechado das sensações,
a respiração que a terra ouve
pelos ouvidos da treva.

Nuno Júdice, in "Um Canto na Espessura do Tempo"

Somos iguais hoje ao que fomos outrora


Eu também aprecio os livros de História. 
Ensinam-nos que, basicamente, somos iguais hoje ao que fomos outrora. 
Pode haver diferenças insignificantes em termos de vestuário e de estilo de vida, mas não há grande diferença no que pensamos e fazemos. 
No fundo, os seres humanos não passam de veículos, ou locais de passagem, para os genes. 
De geração em geração, correm dentro de nós até nos esgotarem, como cavalos de corrida. 
Os genes não pensam no bem e no mal. 
Não querem saber se somos felizes ou infelizes. 
Para eles, não passamos de um meio para atingir um fim. Só pensam no que é mais eficaz do seu ponto de vista.
Apesar de tudo, não conseguimos deixar de pensar no bem e no mal. 
Não é o que está a dizer?
A senhora anuiu.
Precisamente. 
As pessoas «têm» de pensar nessas coisas. 
Mas os genes são o que controla a base da forma como vivemos. 
Como é natural, as contradições surgem.

Haruki Murakami, in '1Q84'

O guarda-roupa de Deus


Há algum tempo, uma alma iluminada, prestes a descer para a terra, perguntou a Deus:
- Senhor, quando na terra eu chegar, para Te agradar o que devo vestir?
E Deus olhando em seus olhos, lhe respondeu:
- O corpo que eu vou te designar, quando na terra tu chegares, é o teu mais belo traje, portanto zela por ele, pois assim fazendo, estarás agradando a ti e a Mim.
Entretanto, aprende que és alma e eterna, mas o corpo que vou te dar, é tua roupa passageira, apenas para uma vida, ainda que inteira.
E Deus abriu a porta de um grande guarda-roupa, aonde haviam incontáveis corpos, diferenciados pela cor,pelo tamanho e pela beleza, dizendo-lhe, escolhe aqui a tua roupa e uma vez escolhida, não mais poderás voltar atrás, pois será teu traje permanente na terra, até que eu te chame novamente aqui.
Mas, antes que te vá, atenta para o que vou te ensinar.
No teu traje, existe um lugar discreto, por onde comigo poderás se comunicar.Quando lá chegares, o que deves fazer só pertence a ti, eis que te dou o livre arbítrio, és alma e senhora dos teus dias.
Nas tuas dúvidas, vai ao lugar discreto que no teu traje criei, lá poderás Comigo falar e será por onde Eu poderei te orientar.
- Senhor, aonde está esse lugar discreto? Ensina-me!
- Respondo-te alma querida! Esse lugar está tão próximo de tua mão, é aonde deposito uma partícula do meu amor, chama-se, coração.


Maneiras e maneiras de dizer as coisas


Um sultão sonhou que havia perdido todos os dentes. Logo que despertou, mandou chamar um adivinho para que interpretasse seu sonho.

- Que desgraça, senhor! Exclamou o adivinho. Cada dente caído representa a perda de um parente de vossa majestade.

- Mas que insolente _ gritou o sultão, enfurecido. Como te atreves a dizer-me semelhante coisa? Fora daqui!

Chamou os guardas e ordenou que lhe dessem cem acoites. Mandou que trouxessem outro adivinho e lhe contou sobre o sonho.

Este, após ouvir o sultão com atenção, disse-lhe:

- Excelso senhor! Grande felicidade vos esta reservada. O sonho significa que haveis de sobreviver a todos os vossos parentes.

A fisionomia do sultão iluminou-se num sorriso, e ele mandou dar cem moedas de ouro ao segundo adivinho. E quando este saia do palácio, um dos cortesãos lhe disse admirado:

- Não é possível! A interpretação que você fez foi a mesma que o seu colega havia feito. Não entendo porque ao primeiro ele pagou com cem acoites e a você com cem moedas de ouro.

- Lembra-te meu amigo - respondeu o adivinho - que tudo depende da maneira de dizer...

Um dos grandes desafios da humanidade e aprender a arte de comunicar-se. Da comunicação depende, muitas vezes, a felicidade ou a desgraça, a paz ou a guerra.

Que a verdade deve ser dita em qualquer situação, não resta duvida. Mas a forma com que ela e comunicada e que tem provocado, em alguns casos, grandes problemas.A verdade pode ser comparada a uma pedra preciosa. Se a lançarmos no rosto de alguém pode ferir, provocando dor e revolta. Mas se a envolvemos em delicada embalagem e a oferecemos com ternura, certamente será aceita com facilidade.

A embalagem, nesse caso, é a indulgencia, o carinho, a compreensão e, acima de tudo, a vontade sincera de ajudar a pessoa a quem nos dirigimos.

Ademais, será sábio de nossa parte se antes de dizer aos outros o que julgamos ser uma verdade, dize-la a nós mesmos diante do espelho.

E, conforme seja a nossa reação, podemos seguir em frente ou deixar de lado o nosso intento. Importante mesmo, é ter sempre em mente que o que fará diferença e a maneira de dizer as coisas...

Manhãs de seda


Desejo a você
uma manhã especial
dessas que a gente sonha...

Um sol que brilhe na janela
entre flores e nuvens
enquanto a brisa
assopra as horas
bem devagar
a tempo de curtir cada instante
delicados fios de seda
tecendo seu dia...
E então tua alma sorria
da tua face
toda graça do sol
que beija a manhã.

E quando o relógio pontuar cada segundo deste dia
terão sido tão contagiantes
que enfim, se dará conta
este foi o primeiro de tantos outros
especiais...
Que passaram despercebidos...

Porque buscava longe a felicidade,
mas ela estava o tempo todo ao teu lado
no presente de cada manhã
que se desfia diante de você
feito casulo de seda
tecendo as vestes da alma
de uma linda paz.


(Sirlei L. Passolongo)

Mente limpa


‎-Se você quer manter sua mente limpa,
não crie dúvidas sobre si mesmo,
nem sobre os outros.


Aja como um guerreiro
que avança com determinação
no campo de batalha
para destruir as negatividades,
usando a espada dos pensamentos positivos
e dos bons sentimentos para todos.

Quando você mantêm em sua mente
apenas o que é limpo,
você deixa o passado para trás
e encara o futuro com confiança total."

Brahma Kumaris

terça-feira, 27 de março de 2012

Neste espaço


Neste espaço íntimo entre tu e eu,
Lugar onde os suspiros imperam.
Espaço entre os meus lábios e o teu ouvido,
Onde a brisa de um sussurro
Se agita com palavras caladas
Que apenas ambos conhecemos.
Detalhes que meus olhos procuram,
Que meus dedos sentem,
Estórias da tua pele que o meu corpo lê,
Nos instantes em que toca o teu.
Sensações,
Que a minha língua saboreia,
Ao encontrar a tua,
No silêncio de um beijo
Onde trocamos palavras sem nunca as pronunciar.
Segredos que partilhamos no escuro,
Com os olhos fechados
Para que os olhares não deixem fugir
O que apenas a nós pertence.
Este lugar comum,
Único, e apenas por nós partilhado
É o segredo que carregamos,
E que apenas os sentidos deixam revelar
Há eternidade de um momento
Em que os partilhamos um com o outro,
Através de um olhar,
De um toque,
De um beijo,
Ou simplesmente de um murmúrio na escuridão
Enquanto o meu corpo ama o teu
E as nossas almas dançam, sobre os corpos suados,
Uma música interminável
Que tal como a noite
Acabará quando ambos estivermos exaustos
E não tenhamos mais segredos para partilhar.




Amar é...


Viver uma verdadeira experiência amorosa é
um dos maiores prazeres da vida.
Amar é sentir com a alma,mas expressar os
sentimentos depende das ideias de cada um.
Condicionamos o amor as nossas necessidades
neuróticas e acabamos com ele.
Vivemos uma vida tentando fazer com que os
outros se responsabilizem pelas as nossas
necessidades enquanto nós nos abandonamos
irresponsavelmente. 

Queremos ser amados e não nos amamos.
Queremos ser compreendidos e não nos
compreendemos, queremos o apoio dos outros
e não damos o nosso a eles.
Quando nos abandonamos, queremos achar
alguém que venha preencher o buraco que
nós cavamos.
A insatisfação o vazio interior se transforma
na busca contínua de novos relacionamentos,
cujos resultados frustantes se repetirão.
Cada um é o único responsável pelas suas
próprias necessidades.
Só quem se ama pode encontrar em sua vida
um amor de verdade!

Zibia Gasparetto

Os oito versos que transformam a mente


1. Com a determinação de alcançar
O bem supremo em benefício de todos os seres sencientes,
mais preciosos do que uma jóia mágica que realiza desejos,
vou aprender a prezá-los e estimá-los ao mais alto grau.

2. Sempre que estiver na companhia de outras pessoas, vou aprender a pensar na minha pessoa como a mais insignificante dentre elas,e, com todo o respeito, considerá-las supremas,do fundo do meu coração.

3. Em todos os meus actos, vou aprender a examinar a minha mente e, sempre que surgir uma emoção negativa, pondo em risco a mim mesmo e aos outros,vou, com firmeza, enfrentá-la e evitá-la.

4. Vou prezar os seres que têm natureza perversa e aqueles sobre os quais pesam fortes negatividades e sofrimentos,como se eu tivesse encontrado um tesouro precioso,muito difícil de encontrar.

5. Quando os outros, por inveja, maltratarem a minha pessoa,ou a insultarem e caluniarem,vou aprender a aceitar a derrota,e a eles oferecer a vitória.

6. Quando alguém a quem ajudei com grande esperança magoar ou ferir a minha pessoa, mesmo sem motivo,vou aprender a ver essa outra pessoa como um excelente guia espiritual.

7. Em suma, vou aprender a oferecer a todos, sem excepção,toda a ajuda e felicidade

8. Vou aprender a manter estas práticas isentas das máculas das oito preocupações mundanas, e ao compreender todos os fenómenos como ilusórios,serei libertado da escravidão do apego.

As oito preocupações mundanas são:
1. Desejar elogios
2. Rejeitar críticas
3. Desejar o prazer
4. Rejeitar a dor
5. Desejar o ganho
6. Rejeitar a perda
7. Desejar a fama
8. Rejeitar ser ignorado 



(Texto composto por Geshe Langri Tangba. Extraído de "The Union of Bliss and Emptiness", da autoria de Sua Santidade o XIV Dalai Lama.

O segredo do tempo



O segredo do tempo é consumi-lo sem percebê-lo.
É fingir-se infinito para não o vermos passar
É fazer-se contar em anos em vez de momentos

Relógio, despertador, cronômetro, calendário
Tudo engodo para imaginarmos prendê-lo, controlá-lo

Ampulheta, único instrumento sincero do tempo
Regressivamente, nos impõe a gravidade
De haver realmente um último grão
Riscando na areia a nossa fragilidade

Mas o tempo é imparcial
Não distingue rico de pobre
Preto de branco, homem de mulher
Devora-se sem escolhas

Matar o tempo é matar-se sem sentido
Perdê-lo é viver em vão

Faz-se devagar nos maus momentos
Depressa quando o queremos

Ponteiro invisível da vida
Peça necessária do fim

A sua fome é insaciável
A sua vontade é determinante
A sua procura é unanime

Se esconde nas sombras que se movem
Nos objetos que não mais servem
Nas pessoas que nunca mais vimos
Na podridão das frutas que não foram colhidas
Nas lembranças já esquecidas

Revela-se nas fotos que se desbotam
Nas cartas que amarelam
Nas crianças que crescem
Nas rugas que aparecem

Deixa-nos a esperança de Pandora
Nas ações dos que virão
No nascimento dos rebentos


Nada nos satisfaz


Se ocasionalmente nos ocupássemos em nos exa­minar, e o tempo que gastamos para controlar os outros e para saber das coisas que estão fora de nós o empregás­semos em nos sondar a nós mesmos, facilmente sentiríamos o quanto todo esse nosso composto é feito de peças frágeis e falhas. 
Acaso não é uma prova singular de imperfeição não conseguirmos assentar o nosso contentamento em coi­sa alguma, e que, mesmo por desejo e imaginação, esteja fora do nosso poder escolher o que nos é necessário? 
Dis­so dá bom testemunho a grande discussão que sempre houve entre os filósofos para descobrir qual é o soberano bem do homem, a qual ainda perdura e perdurará eterna­mente, sem solução e sem acordo: 


Enquanto nos escapa, o objecto do nosso desejo sempre nos parece preferível a qualquer outra coisa; vindo a desfrutá-lo, um outro desejo nasce em nós, e a nossa sede é sempre a mesma. (Lucrécio).

Não importa o que venhamos a conhecer e des­frutar, sentimos que não nos satisfaz, e perseguimos cobi­çosos as coisas por vir e desconhecidas, pois as presentes não nos saciam; em minha opinião, não que elas não te­nham o bastante com que nos saciar, mas é que nos apo­deramos delas com mão doentia e desregrada: 


Pois ele viu que os mortais têm à sua disposição praticamente tudo o que é necessário para a vida; viu homens cumulados de riqueza, honra e glória, orgulhosos da boa reputação de seus filhos; e entretanto não havia um único que, em seu foro íntimo, não se remoesse de angústia e cujo cora­ção não se oprimisse com queixas dolorosas; compreendeu então que o defeito estava no próprio recipiente, e que esse defeito corrompia tudo de bom que fosse colocado de fora em seu interior (Lucrécio).

O nosso apetite é indeciso e incerto: não sabe con­servar coisa alguma, nem desfrutar nada da maneira certa. 
O homem, julgando que isso seja um defeito dessas coi­sas, acumula e alimenta-se de outras coisas que ele não sabe e não conhece, em que aplica os seus desejos e espe­ranças, honrando-as e reverenciando-as; como diz César: 


Por um vício comum da natureza, acontece termos mais con­fiança e também mais temor em relação às coisas que não vimos e que es­tão ocultas e desconhecidas.

Michel de Montaigne, in 'Ensaios'

Tudo é energia...


Qual é a coisa mais valiosa que existe? Ouro? Pedras preciosas? e etc... 

Alguns vão dizer que o mais importante e valioso é o amor, a paz de espirito, a saúde, outros mais espertinhos vão dizer que o que existe de mais precioso é o TEMPO, afinal, nosso tempo aqui é limitado e devemos aproveitá-lo sabiamente.
Recentemente revi um vídeo de um discurso do Ex-presidente da Apple, Steve Jobs, morto no ano passado. 

Ele conta, entre outras coisas, como o curso de caligrafia determinou todo o estilo de fontes do Mac. 
Ele diz que precisamos “ligar os pontos”, entender, através do nosso passado como podemos encontrar respostas significantes para nossa vida.
Bem… Estou nessa fase da vida, ligando os pontos. E na minha busca por respostas sobre o que é mais importante para mim.

 Mas eu ainda estava me sentindo insatisfeito, até que me lembrei de um livro que li há muitos anos chamado “A profecia Celestina”, o autor diz que estamos o tempo inteiro lutando para conseguirmos ENERGIA, afinal, precisamos de energia para viver, certo? 
Aliás, o universo é pura energia, nossos corpos são um punhado de energia organizada. 
A energia está à nossa volta e corre dentro de nós. 
O que mais queremos e precisamos e de ENERGIA!!!
Você pode dizer o que quiser, mas eu acredito que a coisa mais valiosa que existe é a energia. 

Não adianta ter dinheiro se não tivermos saúde, não adianta ter amor se não tivermos dinheiro, não adianta ter tempo se não temos ENERGIA suficiente para aproveitá-lo.

Fernando Oliveira

segunda-feira, 26 de março de 2012

Arco-íris de amor


Você não sabe,
Mas está comigo
Neste canto.
Eu quero lhe dizer
Dos encontros que tivemos
Sem que fosse preciso estarmos juntos.
E agora, é um desses instantes
Que a mim
Chega com som de sacramento,
E que não importa onde você esteja,
Porque eu o alcanço em pensamento
Com toda a maciez deste momento.
E então, lindo menino,
Quero lhe dar o que
Me vai na alma...
Leve com você este suspiro rosa,
Leve com você o meu pensar azul,
O meu sorriso verde,
Este carinho branco,
O meu olhar brilhante,
Esta paixão dourada.
Leve com você, nesta hora,
Com muita força e calor,
Aquilo em que me transformo
Para você...
Um arco-íris de amor.


Roberto Shinyashiki

Precisa-se


Sendo este um jornal por excelência, e por excelência dos precisa-se e oferece-se, vou pôr um anúncio em negrito: precisa-se de alguém homem ou mulher que ajude uma pessoa a ficar contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria, e precisa reparti-la. Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria. 

É urgente pois a alegria dessa pessoa é fugaz como estrelas cadentes, que até parece que só se as viu depois que tombaram; precisa-se urgente antes da noite cair porque a noite é muito perigosa e nenhuma ajuda é possível e fica tarde demais. 
Essa pessoa que atenda ao anúncio só tem folga depois que passa o horror do domingo que fere. 
Não faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão grande que se tem que a repartir antes que se transforme em drama. Implora-se também que venha, implora-se com a humildade da alegria-sem-motivo. 
Em troca oferece-se também uma casa com todas as luzes acesas como numa festa de bailarinos. 
Dá-se o direito de dispor da copa e da cozinha, e da sala de estar. 
P.S. 
Não se precisa de prática. 
E se pede desculpa por estar num anúncio a dilarecerar os outros. 
Mas juro que há em meu rosto sério uma alegria até mesmo divina para dar.

Clarice Lispector

Conta a lenda ...


No país do sol nascente, pelo vigésimo aniversário da sua coroação, o imperador resolveu decorar a sala do trono do palácio com o mais belo biombo que alguma vez se vira.

Convocou o pintor mais célebre do império que vivia numa gruta longe da cidade.

O artista dirigiu-se imediatamente à corte e o imperador deu-lhe a conhecer o seu propósito: no biombo da sala do trono deviam figurar dois dragões, um azul e outro amarelo, para simbolizarem o poder do Império e a paz que tinha caracterizado o seu tempo de reinado. O pintor fez uma vénia e respondeu que pintaria dois dragões em seda preta, mas com uma condição: para o biombo ser tão belo como era vontade do imperador, precisava de um tecido de seda, mas a seda teria de ser mais fina do que todas as sedas alguma vez tecidas.

— Vou retirar-me para a minha gruta — acrescentou o pintor — até que a seda seja tecida; assim terei tempo de me preparar para fazer a pintura dos dragões.

Em seguida, o pintor abandonou a corte e regressou à sua gruta, começando logo a trabalhar.

O imperador ordenou que começassem imediatamente a fabricar a mais fina das sedas que alguma se vira.

Mas o fabrico foi muito mais difícil do que o imperador imaginara.

Primeiro, foi preciso escolher meticulosamente os bichos-da-seda, porque os que até então tinham sido criados não podiam secretar uma seda assim tão fina como a que o pintor pedira.

Os bichos-da-seda, tão cuidadosamente escolhidos, exigiam uma alimentação particularmente delicada, e as folhas da amoreira com que eram alimentados deviam ser seleccionadas com o máximo cuidado.

Apesar de todas as precauções, apenas alguns dos casulos sobreviveram.

Muito tempo decorreu até se conseguir um número suficiente de casulos para obter a quantidade de seda necessária para o biombo do imperador.

Mas, naquele momento, surgiu uma nova dificuldade: a seda era tão fina, que muito poucos tecelões se mostravam capazes de a tecer. Foi preciso apelar aos melhores artesãos do império.

Por fim, ultrapassou-se esta dificuldade e a seda destinada ao biombo acabou por ser tecida. Não havia memória de uma seda tão fina. O imperador ordenou que fosse pregada numa moldura de marfim.

Concluído o trabalho, o imperador enviou um mensageiro avisar o pintor de que a seda estava tecida e de que devia sem demora pintar os dragões.

O pintor pediu ao mensageiro que dissesse ao imperador que ainda não tinha acabado de preparar o seu trabalho e pedia-lhe que esperasse.

O imperador, que já tinha esperado muito tempo até ser tecida a seda, não escondeu a sua decepção, mas lá acabou por compreender que o pintor queria preparar uma obra-prima, e esperou. Contudo, sempre que passava diante do biombo, perdia a paciência.

Um dia, não aguentando mais, enviou um mensageiro para lembrar ao pintor a sua promessa. Este mandou dizer que, para aceder ao pedido do imperador, ainda não seria capaz de pintar dragões dignos do mais belo biombo algum dia visto. Precisava, dizia ele, de continuar com os seus ensaios e pediu um novo prazo.

O imperador, apesar da impaciência, não teve outro remédio senão esperar. Mas o tempo ia passando e o pintor não dava sinais de vida. E, sempre que o imperador passava diante do biombo inacabado, sentia crescer a sua irritação.

Um dia, no limite da paciência, enviou um mensageiro, ordenando-lhe que trouxesse o pintor à corte, a bem ou a mal.

O pintor aceitou finalmente acompanhar o mensageiro.

Quando chegou diante do imperador, disse-lhe que já se sentia capaz de pintar os dragões. O imperador manifestou a sua alegria.

O artista mandou que lhe trouxessem tinta amarela, tinta azul e dois grandes pincéis, e aproximou-se do biombo.

De uma pincelada, fez um traço amarelo; depois, outra pincelada, e fez um traço azul.

Em seguida, pousou os pincéis e declarou que o trabalho estava concluído.

Mal soube da notícia, o imperador, feliz por pensar que o mais belo biombo alguma vez visto iria finalmente ornamentar a sala do trono, precipitou-se para admirar a obra de tão célebre pintor.

Quando chegou diante do biombo, nem acreditava no que os seus olhos viam: apenas dois traços grossos, um azul e outro amarelo.

Convencido de que o pintor tinha querido troçar dele, ficou furioso. Com toda a calma e um ar muito sério, o pintor disse que aqueles dois traços eram fruto de longos estudos levados a cabo durante anos e anos.

Fez uma vénia e quis retirar-se. Mas o imperador, fora de si e sempre convicto de que o pintor fizera uma brincadeira de mau gosto, que tinha estragado irremediavelmente a maravilhosa seda cujo fabrico levara tanto tempo e tinha exigido tanto cuidado, mandou prendê-lo.

O imperador estava de tal modo encolerizado, que não pregou olho naquela noite. Na escuridão, os dois traços, o azul e o amarelo, passavam e voltavam a passar diante dos seus olhos. Quando fechava as pálpebras, iam e vinham e pareciam ganhar dimensão e mover-se. Para seu grande espanto, aqueles dois traços transformavam-se em dragões a lutar. E os dragões eram rápidos e possantes. O que mais o surpreendeu, é que pareciam ter vida e mover-se, eram leves e fortes ao mesmo tempo, e aquela força, aquele poder e aquela grandeza e leveza estavam resumidas nos dois traços que o pintor tinha traçado na maravilhosa seda.

Depois de uma noite em branco e de ter admirado os dois dragões que o pintor simbolizara, o imperador decidiu ir descobrir o segredo do artista que tinha conseguido uma tal obra-prima.

De madrugada, mandou selar o cavalo e, acompanhado pela sua guarda de honra, partiu em direcção à gruta onde o pintor trabalhara muitos anos antes de pintar os dois dragões no biombo.

A tempestade dificultou-lhes o caminho; a neve, o vento e o nevoeiro obrigaram-nos a voltar atrás. Mesmo assim, o imperador ordenou que se fizessem de novo ao caminho. Ao fim de vários dias e noites de viagem, chegaram à gruta do pintor. Acenderam as tochas. Ao entrar, o imperador viu dois dragões pintados nas paredes: um era azul e o outro amarelo.

Estavam desenhados com a maior exactidão, distinguia-se cada escama, cada dente, e as narinas lançavam fogo. Cada pormenor era azul e amarelo.

Por baixo da pintura estava uma data: a do dia em que o imperador tinha pedido ao pintor para começar a pintar o mais belo biombo alguma vez visto.

Ao lado desta pintura, uma outra, a de dois dragões, um azul e outro amarelo. Ao lado desta segunda pintura, uma terceira, depois uma quarta, uma quinta, uma sexta…

Todas as paredes da gruta estavam cobertas de pinturas que representavam dois dragões, um azul, outro amarelo. Todas as imagens estavam datadas, ano após ano.

À luz das tochas, o imperador não conseguia despregar os olhos do trabalho árduo do pintor.

As imagens sucediam-se às imagens, os esboços aos esboços.

Mês após mês, o pintor ia simplificando a pintura dos dois dragões, um azul e outro amarelo. Depois de uma longa sequência de dragões, o pintor traçara finalmente nas paredes da gruta os dois traços, um azul, outro amarelo, que pintara no biombo.

Naquelas duas últimas imagens estava resumida toda a potência dos inúmeros dragões que o pintor desenhara durante muitos anos nas paredes da gruta.

O imperador reconheceu os dois dragões do biombo e deu-se conta de que as duas últimas imagens não podiam de modo nenhum comparar-se às que as precediam.

Ao olhar para as pinturas, o imperador começou por ficar admirado, depois foi ficando cada vez mais alegre, até sentir, no final, um imenso júbilo.

Depois de ter observado por uma última vez os dois traços azul e amarelo, deu ordem imediata de selar os cavalos, pois queria regressar à capital. Tinha pressa de mandar libertar o pintor para o honrar e lhe agradecer, porque este lhe tinha permitido compreender o poder e o significado dos dois traços, um azul, outro amarelo, que simbolizavam os dois dragões.

O pintor foi posto em liberdade e o imperador mandou colocar o biombo dos dois dragões na sala do trono.

Ré e Philippe Soupault