quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Quem me quizer


Quem me quiser há de saber as conchas
a cantigas dos búzios e do mar.
Quem me quiser há de saber as onda 

se a verde tentação de naufragar.

Quem me quiser há de saber as fontes,
a laranjeira em flor, a cor do feno,
à saudade lilás que há nos poentes,
o cheiro de maçãs que há no inverno.

Quem me quiser há de saber a chuva
que põe colares de pérolas nos ombros
há de saber os beijos e as uvas
há de saber as asas e os pombos.

Quem me quiser há de saber os medos
que passam nos abismos infinitos
a nudez clamorosa dos meus dedos
o salmo penitente dos meus gritos.

Quem me quiser há de saber a espuma
em que sou turbilhão, subitamente
Ou então não saber coisa nenhuma
e embalar-me ao peito, simplesmente.

Rosa Lobato de Faria

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