Sentir o nosso coração ao mesmo tempo que o de alguém a quem
damos um abraço faz-nos de tal maneira bem à saúde, traz-nos uma tal paz, que
até existe uma forma de tratamento chamada Terapia do Abraço.
Um bom abraço ajuda-nos a sentir as muitas dimensões do
amor: a facilidade para receber e dar, a sensibilidade para o sofrimento, a
disponibilidade para a alegria de se divertir e a profundidade da ternura.
Abraçar alguém é como dizer-lhe: “Olha, aqui estou para o
que quiseres, de coração aberto para ti”. O que implica aceitar ser rejeitado.
Mal interpretado. Correr esse risco.
No entanto, só se a atitude interior, o pano de fundo a
partir do qual nos relacionamos com os outros, for de lhes estender os braços e
de os tocar, poderemos descobrir o valor da partilha.
Não são só as pessoas solitárias, infelizes, inseguras, que
precisam ser abraçadas. Abraçar bem dá-nos saúde. Mas não se trata de abraços
sociais, de conveniência, em que duas pessoas se tocam apenas por fora –
portanto não se tocam -, nem de abraços de dois amantes apaixonados que um ao
outro se agarram.
São abraços que acontecem porque saem cá de dentro sem que
os travemos. Como expressão de um amor incondicional que nos habita – e de que
não temos medo, porque o olhamos como algo que verdadeiramente nos liberta.
A intimidade que um abraço sincero oferece é a da
compreensão. Da atenção. Da solidariedade. Da amizade que existe para lá da
exaltação dos sentidos, apenas por ter a consistência daquilo que brota do
fundo de nós mesmos e que se mantém quer faça sol quer chova.
Abraços são uma espécie de foguetes capazes de fazer
despertar moribundos ou fazer levantar da cama preguiçosos. Explosões de vida.
Há quem goste de os dar para reafirmar um vínculo de amizade ou qualquer outro
sentimento. E são uma das melhores festas gratuitas a que toda a gente tem
acesso. São abraços do fundo do coração, frequentes entre duas pessoas que, por
nada pedirem uma à outra, de cada vez que se encontram recebem sempre muito – e
apenas por isso são levadas a celebrá-lo.
Quando um coração se abre para outro coração, há quase
sempre uma qualquer maravilha que pode acontecer. Ou, quanto mais não seja, uma
sensação de paz possível, neste mundo cheio de guerras em que vivemos.
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