E que eles no sonho derrotem trevas
Assim, amor, amarra-me ao movimento puro,
À tenacidade que em teu peito bate
Para que às perguntas estreladas do céu
Responda nosso sonho com uma só chave.
Homem e mulher talaram montanhas e jardins,
Desceram aos rios, ascenderam pelos muros
Subiram pelos montes
E o amor soube então porque se chamava amor
E quando levantei meus olhos a teus olhos
Teu coração logo percebeu o que dizia o meu coração.
Já és meu. Repousa com teu sonho em meu sonho.
Gira a noite sobre suas invisíveis rodas
E junto a mim é puro como o âmbar dormindo.
Nenhum mais, amor, dormirá com meus sonhos
Iremos juntos pelas águas do tempo
Nenhum viajará pela sombra da noite comigo,
Só tu, sempre sol, sempre lua.
E já não sou sem ti, e tu não és sem mim.
É bom, amor, sentir-te perto de mim, na noite
Invisível em teu sonho,
Teu corpo me respira,
Buscando-me sem ver-me, completando meu sonho
Enfim, algo fica
Acercando-nos na luz da vida.
Pablo Neruda
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