quarta-feira, 12 de junho de 2013

Dia...


O dia passa
Lotado de pessoas,
Mentes, mortos, mitos,
Multidão,
Poucos destacam-se,
Sempre apressados,
Vem e vão,
No meio de tantos
E do caos
Alguém parece não notar ou se importar
Com a correria da vida.
Eis que dos olhos inertes
Que apreciam o turbilhão a sua volta
Devorar lentamente a vida,
Da pura inocência
De apenas enxergar
O que os demais ignoram
Faz-se
Poesias.
Eis que das simples mãos
Que rejeitam o trabalho mecânico, escravo,
Emprega-se o desejo ávido
De escrever.
Eis que do corpo languido
Sem credito e ofuscado
Porem
De intelecto liberto e forte
Surge a revolta
Silenciosa, concisa, madura.
Eis que da indignação
Incontida no âmago
Faz fluir na voz
Palavras seguras
Que acalantam os ouvidos parcos
Dos moribundos
Preenchendo o vazio dos cansados
Com um resquício de esperança.
Eis que a cada passo dado
Tropeços são inevitáveis
E sonhos esmagados por mãos de ferro
São transpostos
Dando lugar a novos limites
A serem ultrapassados.
Eis que as crenças são extintas
E as descrenças são negadas,
Que os temores esvaem-se
E a ousadia repele-se,
Eis que a criatividade superlota
E transborda,
E as deficiências tornam-se
Eficazes.
Eis que o ser transtornado
Rebela-se
Contra tudo
E contra todos.
Como o próprio diz:
“O medo encoraja
E a coragem amedronta.”
Eis que ao fim do dia
O até então calmo observador
Por todos agora é observado.
Eis que da tortura e melancolia do dia
Faz-se do inusitado brotar poesia.
Eis que surge um poeta.



Samuel Abreu d'Holbach

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