sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Abraça-me




Abraça-me.

Quero ouvir o vento que vem da tua pele, e ver o sol nascer do intenso calor dos nossos corpos.

Quando me perfumo assim, em ti, nada existe a não ser este relâmpago feliz, esta maçã azul que foi colhida na palidez de todos os caminhos, e que ambos mordemos para provar o sabor que tem a carne incandescente das estrelas.

Abraça-me.

Veste o meu corpo de ti, para que em ti eu possa buscar o sentido dos sentidos, o sentido da vida.

Procura-me com os teus antigos braços de criança, para desamarrar em mim a eternidade, essa soma formidável de todos os momentos livres que a um e a outro pertenceram.

Abraça-me.

Quero morrer de ti em mim, espantado de amor.

Dá-me a beber, antes, a água dos teus beijos, para que possa levá-la comigo e oferecê-la aos astros pequeninos. Só essa água fará reconhecer o mais profundo, o mais intenso amor do universo, e eu quero que dele fiquem a saber até as estrelas mais antigas e brilhantes.

Abraça-me.

Uma vez só.

Uma vez mais. 
Uma vez que nem sei se tu existes.

Joaquim Pessoa

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