segunda-feira, 1 de outubro de 2012

A arte é indivíduo, não colectividade


Arte é espírito, e o espírito não precisa, em absoluto, de se sentir obrigado a servir a sociedade, a colectividade. 

A meu ver, não tem direito a fazê-lo, devido à sua liberdade e à sua nobreza. 
Uma arte que "se mete com o povo", fazendo suas as necessidades das massas, do zé-povinho, dos ignorantões, cai na miséria.
 Prescrever-lhe isso como um dever, admitindo-se, talvez, por razões políticas, unicamente uma arte que a gentinha possa compreender, é mesmo o cúmulo da grosseria e equivale a assassinar o espírito. 
Este - eis a minha firme convicção - pode empreender os mais audaciosos, os mais incontidos avanços, as tentativas e pesquisas menos acessíveis às multidões, e todavia ter a certeza de servir, de um modo elevado, indirectamente o homem, e à la longue até os homens.

Thomas Mann, in "Doutor Fausto"

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