terça-feira, 16 de outubro de 2012

Todos vivem apenas para sua abastança


Os tempos actuais são tempos de aurea mediocritas e de indiferença, de paixão pela ignorância, de preguiça, de incapacidade para o trabalho prático e da necessidade de receber tudo já pronto. 
Ninguém raciocina, será raro alguém elaborar uma ideia pessoal.
(...) Hoje em dia exterminam as florestas da Rússia, esgotam os solos da Rússia, transformam a Rússia numa estepe e preparam-na para os calmuques. 
Se aparecer um homem de esperança que plante uma árvore, todos se rirão: 
«Será que vives até ela crescer?» 
Por outro lado, os que aspiram ao bem falam de como será dentro de mil anos.
Desapareceu por completo uma ideia cimentadora. 
É como se toda a gente vivesse numa estalagem, preparando-se para fugir amanhã da Rússia. 
Todos vivem apenas para a sua abastança...

Fiodor Dostoievski, in 'O Adolescente' ( século XIX)

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