quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Soneto do Desmantelo Azul


Então pintei de azul os meus sapatos
Por não poder de azul pintar as ruas,
Depois, vesti meus gestos insensatos
E colori as minhas mãos e as tuas.

Para extinguir de nós o azul ausente
E aprisionar no azul as coisas gratas,
Enfim, nós derramamos simplesmente
Azul sobre os vestidos e as gravatas.

E afogados em nós, nem nos lembramos
Que na amplidão que havia em nosso espaço
Pudesse haver de azul também cansaço.

E perdidos de azul nos contemplamos
E vimos que entre nós havia um sul
Vertiginosamente azul. Azul

- Carlos Pena Filho

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