segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Demais...


Amei Demais. 
Madruguei demais. 
Fumei demais. 
Foram demais
todas as coisas que na vida eu emprenhei.
Vejo-as agora grávidas. 
Redondas. 
Coisas tais,
como as tais coisas nas quais nunca pensei.
Demais foram as sombras. 
Mais e mais.
Cada vez mais ardentes as sombras que tirei
do imenso mar de sol, sem praia ou cais,
de onde parti sem saber por que embarquei.
Amei demais. 
Sempre demais. 
E o que dei
está espalhado pelos sítios onde vais
e pelos anos longos, longos, que passei
à procura de ti. 
De mim. 
De ninguém mais.
E os milhares de versos que rasguei
antes de ti, eram perfeitos. 
Mas banais.

Joaquim Pessoa

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