sábado, 12 de julho de 2014

Medo


Caminho pelo lado da rebentação das ondas ― o litoral guarda segredo dos meus passos entre as redes de sal trazidas pelos barcos
e o labirinto das algas ainda agora oferecidas à praia.
Sinto-me à mercê das falésias a riscar
o teu nome na areia; e é como se lentamente
pronunciasse um chamamento triste a que ninguém acode. Fez-se tarde para os lamentos das sereias:

agora as marés dobram novelos de espuma à roda dos meus pés, as águas já não transportam a minha voz, a perder-se sobre as dunas que os ventos vão desbastando devagar ao cair da noite.
Tenho sempre medo que não voltes.

Maria do Rosario Pedreira

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