Ao mundo peço licença pra atuar onde eu quiser, meu sobrenome é competência, e o meu nome é mulher.
quarta-feira, 14 de março de 2012
O enterro do " Não consigo "
Esta história foi contada por Chick Moorman, e aconteceu numa escola primária do estado de Michigan, Estados Unidos.
Tomei um lugar vazio no fundo da sala e assisti. Todos os alunos estavam trabalhando numa tarefa, preenchendo uma folha de caderno com idéias e pensamentos.
Uma aluna de dez anos, mais próxima de mim, estava enchendo a folha de “não consigos”.
“Não consigo fazer divisões longas com mais de três números.” “Não consigo fazer com que a Debbie goste de mim.”
Caminhei pela sala e notei que todos estavam escrevendo o que não conseguiam fazer. “Não consigo fazer dez flexões.”, “Não consigo comer um biscoito só.”
A esta altura, como a atividade despertara minha curiosidade, decidi verificar com a professora o que estava acontecendo e percebi que ela também estava ocupada escrevendo uma lista de “não consigos”. Observando tudo, eu me perguntava por que estavam trabalhando com negativas, em vez de escrever frases positivas…
Os estudantes escreveram por mais dez minutos. A maioria encheu mais de uma página.
Depois de algum tempo os alunos dobraram as folhas ao meio e as colocaram numa caixa de sapatos, vazia, que estava sobre a mesa da professora.
Quando todos os alunos haviam colocado as folhas na caixa, Donna, a professora, acrescentou as suas, tampou a caixa, e saiu pela porta do corredor.
Os alunos a seguiram.
Logo à frente ela pegou uma pá. Depois seguiu para o pátio da escola. Ali começaram a cavar. Quando a escavação terminou, a caixa de “não consigos” foi depositada no fundo e rapidamente coberta com terra.
Trinta e uma crianças de dez e onze anos permaneceram de pé, em torno da sepultura recém cavada.
Donna então fez uma pequena oração: “Amados, que a expressão não consigo possa descansar em paz e que todos os presentes possam retomar suas vidas e ir em frente na sua ausência. Amém.”
Ao escutar a oração entendi que aqueles alunos jamais esqueceriam a lição.
A atividade era simbólica: uma metáfora da vida. O “não consigo” estava enterrado para sempre.
Logo após, a sábia professora encaminhou os alunos de volta à classe e promoveu uma festa. A festa da libertação.
Depois disso, nas raras ocasiões em que um aluno se esquecia e dizia “não consigo”, Donna simplesmente sorria e o aluno então se lembrava que “não consigo” estava morto e reformulava a frase.
Eu não era aluno de Donna. Ela era minha aluna. Ainda assim, naquele dia aprendi uma lição duradoura com ela. Agora, anos depois, sempre que ouço a frase “não consigo”, vejo imagens daquele funeral da quarta série. Como os alunos, eu também me lembro de que “não consigo” está morto.
Chick Moorman
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