terça-feira, 14 de maio de 2013

Posso beber?


Posso beber o amor
pelo copo dos teus lábios?
O disco chega ao fim;
um ruído de rua entra pela janela;
não sei se ainda é dia,
ou se a noite começa.
Mas o mundo não interfere
no equilíbrio frágil das nossas vidas.
Este copo não se esvazia;
e os teus olhos levam-me à fronteira do sonho,
para que a passe,
e entre contigo num país de nuvem.
O meu passaporte são as tuas mãos; o mapa que nos guia,
a respiração incerta do desejo.
Por isso me perco... dizes.
Por isso te encontro... respondo.
E a noite que nos separa
é o dia que nos reúne.

Nuno Judice

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