É ela a mais profunda e a mais etérea manifestação da nossa alma.
A intuição poética ou orfaica antecede, como fonte original, o conhecimento euclidiano ou científico.
E nos dá o sentido mais perfeito e harmónico da vida. Aperfeiçoando o ser humano, afasta-o do antropóide e aproxima-o dos antropos.
Que a mocidade actual, obcecada pela bola e pelo cinema, reduzida quase a uma fotografia peculiar e uma espécie de máquina de fazer pontapés, despreza o seu aperfeiçoamento moral; e, com o seu fato de macaco, prefere regressar à Selva a regressar ao Paraíso.
E assim, igualando-se aos bichos, mente ao seu destino, que é ser o coração e a consciência do Universo: o sagrado coração e o santo espírito.
Eis o destino do homem, desde que se tornou consciente.
E tornou-se consciente, porque tal acontecimento estava contido nas possibilidades da Natureza.
Sim, a nossa consciência é a própria Natureza numa autocontemplação maravilhosa.
Ou é o próprio Criador numa visão da sua obra, através do homem.
E, vendo-a, desejou corrigi-la, transfigurando-se em Redentor.
Teixeira de Pascoaes, in "A Saudade e o Saudosismo"
Teixeira de Pascoaes, in "A Saudade e o Saudosismo"
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